terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Relíquias dos deuses 5 - O Cachimbo de Yaba

As fogueiras do acampamento estavam altas e a lenha crepitava; ciganos, vagabundos e ladrões era do que os chamavam conforme os nômades iam de um canto para outro sempre com música, dança e risadas altas. As faíscas que saíam das fogueiras lembravam vaga-lumes, ou talvez pequenas fadas para os que já tinham o cérebro encharcado pela bebida e não sabiam mais se o chão estava sob seus pés ou acima de suas cabeças onde brilhavam aquelas pequenas jóias que chamavam de estrelas.

-Cristian, venha cá... – o homem mais velho chamou, a barba mal feita e um cachimbo na boca ainda apagado conforme se sentava perto da fogueira. – Não tinha dito que ia viajar?

-E vou, estou esperando o acampamento adormecer... Se minha mãe notar que me vou faria uma cena. – o jovem respondeu, nem barba tinha, mas tinha uns olhos verdes que herdara da mãe que dançava há duas barracas de distância – Não contou pra ela, contou?

-Não, claro que não... Você sabe que ninguém gosta mais de viagens do que eu...

Ele riu por trás da barba mal feita, os pequenos olhos escuros como dois besouros na escuridão enquanto procurava nos bolsos por algo, sempre sumia algo naquele grupo de pessoas. Ciganos, vagabundos e ladrões, alguém sempre pegava o que não era seu para suprir a fama do grupo nômade. Já que não achou, mordeu a ponta do cachimbo impacientemente conforme o batia de leve contra os dentes pensativo.

-Julius... Me conte outra vez como ganhou esse cachimbo. – Cristian pediu sentado ao lado do outro homem, enquanto mais velho fitava a fogueira o outro fitava o cachimbo de maneira curiosa.

-Eu já contei cem vezes...

-Conte cento e uma... Como um presente de despedida! – o jovem insistiu.

-Eu era tão jovem e chato quanto você, só que viajava sozinho desde que me lembrava... Fiz uma parada numa dessas cidades movimentadas para encher a cara na taverna mais tranqüila que tivesse... – o homem parou e mais uma vez revirou seus bolsos, encontrou o que queria e apertou uma caixinha preta na mão.

-A Boca do Ferlix... – o jovem falou com olhar sonhador.

-A Boca do Ferlix... – o outro concordou com a cabeça – Um desses lugares que pessoas normais tem medo de beber achando que tem veneno nas canecas...

Ele fez uma pausa, seus olhos se moviam nas chamas como se enxergasse dentro delas a taverna que visitou há tanto tempo. Ainda mordia o cachimbo, parava de morder e o batia de leve nos dentes amarelados pelo fumo, olhos de besouro e barba mal feita, as chamas dançavam como as dançarinas da taverna. Cristian parecia buscar essas memórias dentro dos olhos de Julius, mas então cortou o silêncio.

-E depois?

-Depois acabei que bebi demais e fui parar na mesa de um bardo, ficamos jogando cartas e rindo... Nossas risadas enchiam a taverna...

-E ele gostou de você...

-Ficamos amigos sim... Éramos dois pobres numa taverna, causando muito barulho e sem lugar para ir quando amanhecesse. – Julius parou para olhar a caixinha e deu uma risada baixa de saudades – O taverneiro nos expulsou aos berros!

Mais uma pausa, dessa vez para deixar dois homens que se esmurravam passar e retornar a música ambiente da fogueira crepitando, das chamas que dançavam e de grilos que pareciam se entreter uns com os outros não muito longe. A noite era tranquila, as pessoas que a agitavam como pedras caindo na água. Cristian deitou na grama, os olhos verdes refletindo as estrelas no anseio por ter também histórias para contar um dia.

-Ele me convidou para um trago... Disse que como eu amava viajar... – Julius continuou e abriu a caixinha, só restava um fundinho de ervas que ele socou dentro do cachimbo enquanto narrava sua história – Me fale o que é viajar para você e lhe dou meu bem mais precioso, foi o que ele me disse. Eu falei...

-Viajar é acordar e dormir nos braços de sua amante sabendo que ela não irá pedir satisfações quando você chegar atrasado. – Cristian citou a frase que já conhecia rindo enquanto Julius enchia seu cachimbo.

-Ele também riu...E me deu o cachimbo e esta caixinha... – Julius jogou a caixinha vazia para Cristian que a apanhou no ar.

-Queria ter histórias para contar de minhas viagens também... – Cristian falou com uma pontada de inveja enquanto rodava a caixinha em suas mãos.

-Você vai ter garoto e para garantir isso... Pode ficar....
Cristian não acreditou em seus olhos quando viu Julius esticar a mão lhe entregando o cachimbo, piscou algumas vezes enquanto colocava a caixinha no bolso e pegava o cachimbo que cheirava a pó de estrada a e ervas queimadas. Incerto do que fazer por nunca ter fumado, ficou um tempo só olhando o cachimbo, reparando como havia o desenho de pequenas rodas dos dois lados.

-Tem certeza? É seu último fumo...

-Eu já tive minhas histórias e viagens... – Julius deu um tapinha no ombro de Cristian e se levantou indo se deitar.

Entre a gratidão e a incerteza Cristian acendeu o cachimbo, sentiu o cheiro do fumo lhe invadir os pulmões e o fazer sentir-se um tanto quanto leve. Sentia uma vontade maluca de sorrir, não apenas por ter ganho um presente, mas também por algo estar dizendo para seu cérebro que a vida era linda e ele era feliz. Levou o cachimbo à boca, a fumaça saindo e entrando, as estrelas brilhando no céu noturno. As fagulhas da fogueira realmente pareciam fadas.

As chamas dançavam e as fadinhas também, dançavam tanto que Cristian imaginou que pudesse dançar com elas, com outro trago soprou a fumaça que também dançava, todos dançavam como as dançarinas da Boca do Ferlix. Deu risada de si mesmo, estirado na grama com o cachimbo na boca, os olhos verdes brilhando felizes como uma criança, prontos para pisar no mundo e dançar encima dele. Piscou por um momento e jurava que os astros no céu piscavam também, os sons da noite foram ficando mais baixos e tudo se agitou, risos, danças, passos na terra, cantoria alta!

-Minhas viagens... – Murmurou com o cachimbo entre os dentes.

Quando piscou de novo viu que o resto de fumo tinha acabado, a fumaça estava se dissipando tão rápido quanto subiu para seu cérebro, desapontado bateu o cachimbo entre os dentes, então sentiu uma mão em seu ombro, poderia ser sua mãe o mandando ir dormir, ou talvez Julius tivesse voltado. Pisou na realidade e ao olhar a origem da mão notou que seu redor estava mesmo mais barulhento e que a grama virara madeira.

-Posso lhe ajudar senhor? – Uma ferlix perguntava com duas canecas de cerveja na mão livre.

-Quem é você? – Cristian perguntou se levantando e notando que estava deitado encima de um balcão.

-Quem é “você”, estranho?” – a ferlix perguntou o encarando ferozmente por trás de um sorriso de presas afiadas.

-Cristian... Onde eu estou?

-Na Boca do Ferlix... – ela apontou o redor, dançarinas, bêbados, homens jogando cartas, mesas que pareciam prestes a ceder e cadeiras com pelo menos uma perna quebrada.

-Por Yaba, que viagem... – Cristian levou as mãos a cabeça, como quem jurava ter adormecido na grama e estar sonhando, foi andando entre as mesas, até parar na frente de uma em especial e distraidamente pegar o cachimbo, será que era sonho... Olhava o cachimbo perdido.

-Belo cachimbo... Foi Julius que lhe deu? – um bardo perguntou embaralhando algumas cartas velhas.

-Desculpe, eu lhe conheço? – Cristian perguntou com uma dor de cabeça que só podia ser comparada a uma ressaca brava.

-Não. Mas eu conheço meu cachimbo... – ele sorriu, com um sorriso brilhante e jovem que fez Cristian sentar-se desajeitadamente encima da mesa. – Surpreso?

-Isso faz anos... Você....Você não devia ser mais velho? Claro que não, eu estou sonhando...hehehe... Sonhando... – Cristian estava dando aquelas risadas nervosas típicas de quem acaba de enlouquecer e isso só fez o Bardo sorrir gentil. – Prazer, senhor bardo... É uma honra sonhar com você...

-Não se preocupe garoto, você se acostuma depois de algumas vezes... – O bardo se levantou e entregou para Cristian um pacotinho com algumas ervas dentro – Manera com isso, viu garoto? Fumar faz mal pra saúde...

-Claro... Não se preocupe senhor, quando acordar eu vou lembrar disso... – Cristian riu apontando para o bardo, com o saquinho nas mãos, ele parecia tão borrado e surreal.

-Se cuida, garoto... – o bardo se virou para a taverneira – Até mais, Celia...

-Até, Yaba... – despediram-se.

-Do que você chamou ele? – Cristian perguntou aos berros para a ferlix.

-Garoto, se você bateu a cabeça devia ir à um curandeiro, não pra taverna... – ela respondeu dando as costas.

-Yaba...hehehe claro...Yaba... Eu queria estar sobre a grama fofa agora...

Cristian continuou rindo nervosamente, seus olhos viraram nas órbitas e seu corpo caiu desmaiado no chão duro e sujo de madeira da taverna. A Boca do Ferlix era uma história, Yaba era um Deus...e ele... Ali caído no chão era só mais um bêbado, maluco... Cigano, vagabundo e ladrão, mais tarde ele se acostumaria ou enlouqueceria de vez e morreria na estrada.

Os orfãos de Lemport- Parte 1

Thomas aos 18 anos
         
                 Lemport é uma região composta de diversas vilas e de uma cidade praiana, que leva o nome da região, cercada por enormes paliçadas de madeira, torres de vigília ocupadas por arqueiros elfos, e constantemente patrulhada por guardas humanos. Isso é o que diriam, que é o mínimo para sobreviver ao lado da vizinhança orc, dominada pelos Dentes Protuberantes. Qualquer um que esteja alistado em uma das guardas, possua propriedade em Lemport ou trabalhe para alguém que possua, está autorizado a resguardar-se atrás de todas essas defesas, mas a realidade não é a mesma para os habitantes das vilas espalhadas ao redor de Lemport, agricultores, pastores, criadores de gado, etc.
               Thomas era filho de um plantador de batatas, ele, seus pais e 6 irmãos dividiam uma pequena casinha numa vila ao redor da cidade mista de elfos e humanos. Seu pai fazia dinheiro suficiente para sustentar sua família e nada mais que isso, sem brinquedos ou ter o que fazer, Tom ocupava seus dias ajudando seu pai, e no restante, passava horas esgueirando-se por aí com sua pequena faca, tentando não ser visto e fingindo ser Kyrion Shadowblade (toda criança nascida em Lemport - especialmente as humanas - sonha em ser como um dos elfos heróis das lendas), aquele que supostamente invadiu a tenda do Senhor da Guerra Urgrosh, para assassiná-lo e acabar com a guerra. mas resolveu deixar o orc viver, por ser puro de coração.
                 Um belo dia, Tom andava sorrateiramente por dentro de arbustos ao lado de sua casa, estava quase chegando perto de sua irmã mais velha, que encontrava-se sentada numa cadeira de madeira, e ocupava-se em tricotar alguma coisa. Ela mal podia esperar pelo susto que levaria, era muito raro algum de seus irmãos o perceberem, e embora Carolyne tivesse uma audição aguçada, ela estava muito entretida com seus afazeres. Alguns centímetros apenas de pular pra fora da moita berrando, e sua irmã levantou subitamente, gritos podiam ser escutados vindo de algum lugar. Tom parou ali, assustado, e tentou espiar entre a vegetação pra ver o que acontecia, parecia que a própria terra estava tremendo, e os gritos não eram de desespero, pareciam de raiva. O pai de Thomas e seus irmãos saíram da casa, o patriarca carregava seu ancinho bem apertado na mão.
                   Em questão de segundos, Thomas começou a ouvir gritos de desespero e pôde ver quando outros aldeões vinham correndo e chorando, tentando fugir de um mar de músculos e ódio, os Dentes Protuberantes haviam chegado, o jovem garoto não conseguiu fazer nada além de tremer de dentro de seu esconderijo. Alguns aldeões tentaram lutar, eles sabiam que ninguém é capaz de fugir de um Dentre Protuberante a pé nas planícies, seu pai e irmão mais velho, chegaram até matar, ou ao menos nocautear um orc, Alexandre era já um homem formado, de ombros largos e munido de um longo gadanho, aproveitou que seu pai conseguira aparar o golpe de um orc com o ancinho, mesmo ao custo da arma improvisada ter partido em dois, e colocando toda a sua força, com um movimento amplo,  acertou o pescoço do orc, mandando-o para o chão na mesma hora e sujando tudo ao redor de sangue - uma das recordações de Tom desse dia, é a surpresa ao descobrir que o sangue deles era vermelho. Mas infelizmente para eles, havia muitos orcs, e em pouco tempo, de seu buraco na moita, Thomas viu seus pais e irmãos serem destroçados pelos machados enferrujados dos brutamontes.
                    Agora tudo fica um pouco confuso, talvez o garoto tenha desmaiado, ou talvez apenas ficado paralizado, mas quando conseguiu recobrar o controle sobre si, sua irmã estava pelada, toda machucada, de quatro no chão, com um orc cheio de cicatrizes, tripas e sangue violentando-a. Cada vez que o orc fazia força, o rosto de Carolyne entrava no arbusto, e todas às vezes, independente do quanto gritasse, ela sorria para seu irmão. Quando o orc largou-a, e outros 3 disputavam para ver quem seria o próximo, ela juntou suas forças e sussurrou para seu irmão mais novo, que estava quase tendo um ataque de choro:
                    - Fique escondido, meu bem, vai ficar tudo bem, você é maior que tudo isso. Vá para Lemport, você vai se virar por lá e depois eu vou encontrá-lo.
O garoto respondeu com voz chorosa, limpando seu rosto para impedir sua irmã de ver as lágrimas, ele não falou exatamente baixo, mas no momento os Orcs gritavam uns com os outros.
                    - Eu....eu....eu não posso ir pra lá, eu...a gente... não tem casa lá.
Carolyne abriu então o mais belo sorriso de sua vida, colocou as mãos no rosto do irmão e disse com mais convicção que que o próprio vento.
                    - Você merece morar por lá..... você merece morar até no castelo do rei, você pode tudo, vá pra lá, você vai conseguir o que quer e depois eu vou encontrar você...agora, vá embora agora, não olhe pra trás.... - pegou a pequena faca de seu irmão que estava no chão, empurrou ele com a outra mão e ajoelhou-se gritando, fincando a faca fundo no joelho de um orc. Thomas já esgueirava-se sem olhar pra trás, ele ia em direção a Lemport, não podia mais ver sua irmã ou os orcs...mas os gritos, esses gritos dela, ele nunca mais esqueceria.


                      Entrar em Lemport foi fácil, várias vilas em volta haviam sido atacadas, e uma série de refugiados acumulou-se nos portões da cidade portuária. Os guardas da tropa interna fizeram todos entrar ordenadamente, e foram aos poucos ajudando a tratar ferimentos, distribuindo água e comida e provendo local para passem a noite. Thomas, embora fosse novo, não recebeu nenhuma atenção especial e apenas foi com o fluxo. Alguns dias se passaram, até numa manhã, os guardas juntaram todos refugiados e avisaram que teriam agora que voltar pra suas vilas, mas que seriam escoltados por Guardas da tropa externa. Aquilo era esperado pelos camponeses, que trataram de se arrumar, mas Tom não sabia disso....Tom não queria voltar a morar lá fora, onde os orcs podiam atacar, além disso, por menor que fosse a chance, todos dias ele esperava que sua irmã fosse aparecer e abraçá-lo mais uma vez.
                      Os guardas ordenaram todos em fila, e eles começaram a dirigir-se para os portões da cidade, o garoto, desesperado, assim que teve uma chance, fingiu novamente que era kyrion e esgueirou-se pra trás de uma caixa em um beco, depois escalou uma casa e observou enquanto saíam da cidade. Os guardas não se importavam de manter uma contagem, Lemport não aceitava mendigos, e eventualmente, pessoas sem residência ou registro de trabalho eram encontradas e re-alocadas para uma das vilas próximas. Tom estava sozinho agora naquela cidade, e teria que aprender a sobreviver nas sombras.
                     Sem muitas coisas que um indigente pudesse fazer, Thomas logo recorreu a pequenos roubos, pegava uma torta da janela de um casal elfo, entrava na sala de um velho dormindo e lhe roubava o queijo, e às vezes esgueirava-se pelas mesas ocupadas de uma taverna, pegando qualquer coisas que caísse no chão, ou estivesse ao alcance das mãos, depois de uns 2 meses naquele processo, ele já havia descoberto aonde podia roubar, e quem devia evitar, pois o dia a dia de um ladrãozinho em Lemport é cheio de cascudos, chutes na bunda, tapas na nunca e as eventuais surras, era mais importante ser esperto do que rápido. Além disso, Tom descobriu que havia um bom número de indigentes vivendo na cidade, como ele, roubavam o que podiam aqui e ali, dormiam em telhados, armazéns, becos escuros, barcos que ficaram muito tempo na cidade, e até mesmo casas de pessoas que estavam viajando, Tom os chamava de fantasmas, todos sabiam que existiam, mas a maioria fingia não ver, e os fantasmas tinham um líder.
                     Orelhudo era um meio-elfo, líder do bando de criminosos da cidade (é importante notar que a Mão Negra não estava em Lemport, ela nunca havia conseguido firmar-se por ali, tendo seus representantes sempre sido achados e presos pela Guarda Interna, sendo que o esforço acabava não valendo tanto à pena, devido aos ataques constantes de orcs, a única presença da Guilda era no porto, aonde de toda forma é o local de maior concentração de gold da cidade.), e ele não gostava de novatos, mais pessoas praticando delitos chamavam mais a atenção dos guardas, e orelhudo não queria isso. Thomas descobriu isso da pior maneira, depois de roubar um colar de uma elfa, correr pro beco, pular um muro e dobrar uma esquina, foi recebido com um soco na boca que lhe custara dois dentes. A gangue do orelhudo tinha descoberto ele, e agora os fantasmas estavam ali para dar um recado. Eles mais bateram do que falaram, mas Tom entendeu a mensagem, ou ia embora da cidade, ou na próxima vez que o vissem, seria seu fim.
                      É claro que ele cogitou fugir da cidade, mas no último instante desistiu da ideia, ele merecia morar ali, ele merecia coisas boas, e sua irmã poderia chegar. Ele apenas não podia ser visto pelos fantasmas, teria que encenar ser Kyrion o tempo todo, e assim o fez. Thomas passou a basicamente viver nos telhados, dormir durante o dia em buracos escondidos e só sair à noite. Se conseguia comida, ele voltava para seu buraco e lá ficava até que precisasse de mais comida, ele não perdia tempo olhado coisas, não perdia tempo tentando escutar os bardos nas tavernas, ou observando os que chegavam pelo mar, ou até mesmos os incríveis elfos da tropa externa, não, o garoto estava agora em modo de sobrevivência, funcionando de maneira otimizada para isso.
                      Alguns anos depois, agora com 14 anos, tinha dado a sorte de ouvir a conversa de um mercador com o ferreiro, e descobriu que o homem ia viajar, ficar 3 meses fora. Descobriu onde era sua casa, esperou que se fosse e entocou-se ali. O mercador tinha bastante coisa valiosa que Tom usou pra trocar de noite por comida e água com marinheiros recém-chegados à cidade, e então se deu 3 meses de férias, podendo dormir entre quatro paredes, numa cama confortável, sem acordar a cada 30 minutos para espionar ao redor. E foi numa noite enquanto o rapaz dormia em sua cama confortável que ele ouviu barulho vindo de fora, Thomas tinha a audição extremamente aguçada, e estava acostumado a despertar sob o menor barulho, chamou a persona de Kyrion, envolveu-se nas sombras e foi espiar pela janela que dava para um beco sem saída.
                      Orelhudo e mais 4 amigos estavam chutando alguém que contorcia-se no chão, as roupas eram boas, as botas também, e mesmo sendo burro, o líder da gangue logo reparou nisso e tomou tudo que o garoto tinha, deixando-o apenas de ceroulas. Devia ter a idade de Thomas, mas era um pouco mais alto e bem mais magro. Cabelos e olhos pretos, covas nas bochechas, e um olhar de coelho assustado...olhar de presa. Depois de surrar e abusar do garoto, os fantasmas deixaram claro pra ele que se o vissem novamente ali, coisas piores iam acontecer e foram embora. O estranho ficou ali, nu, em posição fetal, uma poça de sangue, sem nem forças pra chorar, ele apenas gania, mas isso não era da conta de Thomas, que voltou para sua cama, cobriu-se e tornou a dormir, como se nada tivesse acontecido.
                       Acordou na manhã seguinte, foi até a sala, pegou pão e salame e começou a comer enquanto lia um livro do mercador. Lia no sentido de virava as páginas, pois Tom não sabia ler, embora quisesse muito, e estivesse tentando aprender sozinho - o que mostrava-se completamente improdutivo. Não sabe exatamente o que foi, chame isso de sorte, instinto ou intuição, mas resolveu olhar pela janela onde havia acontecido a confusão de madrugada, e lá estava o garoto, pelado, ensanguentado, dormindo na mesma posição...na janela da sua casa, arriscando alguém ver, um guarda vir checá-lo e bater na casa pra perguntar se quem mora ali viu ou ouviu algo. Thomas ficou branco, suou frio, abriu a janela, acordou o garoto com sons como se chamasse um gato ou cachorro, convidou-o para a casa, pela janela mesmo, deu a ele roupas do mercador, deixou que comesse e bebesse e durante esse tempo todo permaneceu calado apenas estudando o jovem magro. Ele estava com a cara inchada, um olho roxo, dentes faltando, mas de alguma forma....alguma forma que Thomas não sabia explicar, ele tinha o mesmo brilho dos elfos, o mesmo brilho que Tom tinha certeza que Kyrion, Samuriel, e os outros grandes heróis tinham. Finalmente depois de comer muito, o garoto magro falou, com uma voz mansa e sem graça
                       - Oi, meu nome é Brucington Dumach, muito obrigado por me ajudar.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

New traits [Atualizado 2 - 14/01]



Hâwk Zhen Gahrl e seu ROAD OF THE EARTH

Road of the Earth 1/2/3  (10/20/30 pts) [Limitation de 1 skill corta isso em 80%]  (-60% para 2 / -40% para 3 e -20% para 4)


Todos poderes ativos listados gastam 1 de fadiga para ativar, a não ser que o poder diga o contrário. Para usar o poder, antes de um golpe, rola-se a skill e gasta-se a fadiga de acordo com o que foi declarado, falha significa que o poder não funciona naquele ataque, uma falha crítica faz você gastar +2 de FP.
É possível usar mais que 1 poder no mesmo golpe, mas nunca mais que 1 poder de transformação por ataque.

As skills passivas funcionam como técnicas normais, salvo pelo fato que para poder usá-las você tem que no mínimo comprar 1 rank nelas (o que de cara já abaixa em 1 a penalidade). Portanto se você utilizar uma que dê -10 de penalidade na sua magia, se tiver comprado apenas o Primeiro rank (o primeiro rank custa 2, e cada rank em seguida custa 1, nunca é possível exceder o nh da sua magia) quando quiser usar ela, rolará com -9. Se você gastar 11 pontos nessa técnica, rolará era sem penalidade.


Earth Powers Rank 1:


-> Acid Strike (ST/ Very hard)  [Poder de transformação]
Default: Escolher uma skill de combate
Prerequisite: Road of the Earth 1
Special: 2 de FP ao invés do 1 normal

Adiciona ao dano o status de corrosion. Um golpe impaling, ainda vai causar dano modificado por ter essa natureza, mas agora também corroerá a rd do alvo (obviamente a conta pra isso é antes da multiplicação e entrada da RD)

Modificadores: -5 para cortar em 1 o custo de fadiga, -2 por +1 de dano no golpe.

-> Bane of the winds (HT/ Very Hard)
                      
Default: Escolher uma skill de combate
Prerequisite: Road of the Earth 1

Gives the weapon the Affect insubstancial enhancement, permitindo que afete espíritos, fantasmas e outros seres insubstanciais

Modificadores: -5 para cortar em 1 o custo de fadiga, -10 para afetar difusos com dano normal (body of fire, air, etc)


-> Corrosive Strike: (IQ / VERY HARD)
Default: Escolher uma skill de combate
Prerequisite: Road of the Earth 1


Faz com que o alvo tome o dano do golpe novamente mais uma vez após 1 dia.

Modificadores: -5 para cortar em 1 o custo de fadiga, -2 para 1 hora, -4 para 1 minuto, -6 para 10 segundos, -8 para 1 segundo. É possível repetir o ciclo mais que duas vezes, para o padrão de 1 dia, use -1 a mais para cada ciclo após o primeiro. Para outros intervalos, multiplique a penalidade de tempo pelo número de ciclos (três ciclos de 1 segundo, seria -24)
Special:  2 de FP ao invés do 1 normal


-> Unstoppable Force: (ST / VERY HARD)
Default: Escolher uma skill de combate
Prerequisite: Road of the Earth 1

Seu golpe passa a causar Knockback como se fosse um Crushing Attack. Se o golpe for um Crushing Attack, dobre o dano para o propósito de Knockback

Modificadores: -5 para cortar em 1 o custo de fadiga, -10 para dobrar o Knockback damage (ou triplicar se for crushing damage)


Earth Powers Rank 2:

-> Maw of the Earth: (PASSIVO - Technique HARD)
Default: Entombment -10
Prerequisite: Road of the Earth 2 e 3 outros Earth Powers

Quando você usa essa técnica, sua magia Entombment passa a ter penalidade de distância de acordo com a tabela de range, e não de 1 por yard


-> Metal Mastery: (PASSIVO - Technique Hard)
Default: Steelwraith -5
Prerequisite: Road of the Earth 2  e 3 outros Earth Powers

Permite a você usar Steelwraith como uma blocking spell, fazendo apenas a pequena parte afetada pelo golpe atravessar metais, evitando assim o golpe, porém não derrubando qualquer coisa de metal que o Shaman esteja usando.


-> Rocking Strike: (ST/ VERY HARD) [Poder de transformação]
Default: Escolher uma skill de combate
Prerequisite: Road of the Earth 2

Envolve a arma em Essencial Stone, transformando todo o dano em Crushing damage e aumentando drasticamente o dano causado. A arma passa a causar +2 de dano por dado de ST


Modificadores: -5 para cortar em 1 o custo de fadiga, -4 por +1 de dano por dado de ST

Earth Powers Rank 3:

-> Command Earth: (PASSIVO - Technique Hard)
Default: Shape Earth -8
Prerequisite: Road of the Earth 3  e 5 outros Earth Powers

Faz o seu Shape Earth acontecer instantaneamente, ao invés de no próximo segundo


-> Rock Garden:  (PASSIVO - Technique Hard)
Default: Flesh to Stone -15
Prerequisite: Road of the Earth 3  e 4 outros Earth Powers

Quando você usa essa técnica em alguém, um oponente aleatório a até 3 yards do seu alvo deve também fazer um teste resistido contra você, ou ser transformado em pedra.


-> Sand Box: (PASSIVO - Technique Hard)
Default: Earthquake -10
Prerequisite: Road of the Earth 3  e 6 outros Earth Powers

Transforma o time to cast de sua magia Earthquake em 1 segundo


-> Weight of Mountains: (HT/ VERY HARD)
Default: Escolher uma skill de combate
Prerequisite: Road of the Earth 3, 3 Earth Powers
Special: Custa 2 de FP ao invés do 1 normal

Cada vez que você acerta seu inimigo, você altera um pouco o centro de gravidade dele. Sempre que levar dano de seu golpe, você e seu oponente devem fazer um teste resistido como se você tivesse Castado a magia Slow nele. (se não tiver essa magia, você deve rolar com NH 14)

Modificadores: -5 para cortar em 1 o custo de fadiga, -3 para cada -1 de penalidade no teste de seu oponente.

Outros poderes existem, mas por hora, esses são o que Hawl tem acesso, e ainda assim, o acesso é limitado, Hawl demorará para aprender cada um desses.





Pelos poderes de BAHAMUTH!!!



Novas mecânicas para Paladinos:


- Inspirar: Custo: 1
Pré-requisito: Blessed, Power Investiture 3, Leadership 20 (um "paladino" de um deus caótico ou evil, pode ao invés de Leadership, usar Intimidate)
Descrição: Após um discurso de pelo menos 20 segundos, o Paladino deve testar liderança, se passar, todos aqueles que ouviram, terão +1 para todas as rolagens de dados durante o combate eminente. Só é possível usar esse poder, se for uma situação realmente aterradora, e uso constante do poder sobre as mesmas pessoas, pode fazer com que Inspirar pare de funcionar nelas no futuro. Um sucesso crítico nessa rolagem de dados, faz até com que o próprio Paladino sinta-se inspirado pelo seu discurso. Um 1-1-1 ou 1-1-2 concede +2 nas rolagens de dados para todos durante o combate. Um paladino de deus caótico ou evil que use essa habilidade, parecerá para os "inspirados" uma ameaça maior do que aquilo que ele quer que eles matem. Usos constantes dessa habilidade podem levar à deserção, troca de time ou tentativas de assassinato enquanto ele dorme.

- Avatar de Bahamut: Custo: 10
Pré-requisito: Very Blessed, Power Investiture 5
Descrição: Para proteger seus companheiros de uma situação de vida ou morte, o Paladino de Bahamut pede ao seus deus, uma partícula divina emprestada, aumentando seu poder físico de forma magnânima e concedendo dons sobre-humanos por um curto período de tempo. Faça o teste pra rezar e de acordo com a margem de sucesso, escolha o que quer ganhar. Esse efeito dura 3d6 segundos, e ao término dele, o Paladino cai exaurido, o corpo morto e sua alma para sempre ao lado de seu deus. É impossível ressuscitar alguém que tenha dado dua vida dessa forma.

Margem de sucesso | Pontos ganhos |  Poderes concedidos
             1-5                | 150 pontos       |  Nada
             6- 9               | 250 pontos       |  Altered time rate 1
             10-12            | 350 pontos       |  Altered time rate 2, Unkillable 1
             13-14            | 450 pontos       |  Altered time rate 3, Unkillable 2, Mind effects imun
              15+              | 600 pontos       |  Winged Flight 40, ETS

Clérigas de Suna geralmente não começam lutas mas certamente podem terminá-las.

Novas magias clericais: 

- Kiss of Suna.
Tipo: Melee spell (o clérigo tem que beijar o alvo)
Duração: 1 hora
Time to cast: 1
Base Cost: 3. Cannot be maintaned
Pré-requisito: Power Investiture 3, Major healing

O clérigo beija um amigo ferido e o mesmo por 1 hora é capaz de ignorar o teste de HT para agir por estar com 0 ou menos PVS, além disso ele ignora as penalidades de dodge e movimento por estar ferido. Só é possível usar essa magia em alguém que esteja com PVs negativos. Cada cast subsequente na mesma pessoa no mesmo dia incorre em uma penalidade de -3 nos rolls.

- Might of Petrus.
Tipo: Personal
Duração: 1 minuto
Time to cast: 1
Base Cost: 5 por cada +1 de ST e +1 de proteção contra o caos (Max de +5)/ half to mantain
Pré-Requisito: Might,Vigor, Heroic Feats

O arauto de Petrus reza para seu deus por ainda mais força e proteção contra criaturas caóticas. Proteção contra criatura caóticas torna o servo de Petrus mais difícil de ser acertado. -1 pros rolls de ataque de seres caóticos para cada nível.

- Torrent of Aestus.
Tipo: Área
Duração: instantânea
Time to cast: 1
Base cost: 3
Pré-Requisito: Blessed, Power investiture 1

O clérigo de Aestus é capaz de trazer a fúria do mar aos seus inimigos, criaturas na área da magiam devem imediatamente realizar um teste de ST -4 mais -1 por tamanho de área (área 1, -5, área 3, -7), aqueles que falharem são arremessados ao ar 10 yards +1 yard por tamanho da área da magia.


Novas magias:




- Inerill Fortress
Tipo: Regular
Duração: 1 minuto
Time to cast: 2
Base cost: 8 +3 por +1 / half to mantain
Pré-Requisito:  Might, Vigor, Power Investiture 3

O devoto de Inerill faz com que todo o dano cortante causado ao alvo seja ao invés disso, dano de contusão. Além disso, o alvo recebe 1 de RD e é movido 1 hexagono a menos por dano de knockback. (e a cada +3 de mana investido, isso aumenta em +1 de RD e -1 de knockback distance, até um máximo de +5)

- Sacrifice
Tipo: Blocking
Duração: Instântanea
Time to cast: -
Base cost: 2 (só pode ser usado uma vez por dia)
Pré-Requisito: Power Investure 4, Blessed

O campeão de Inerill deve usar essa magia quando um aliado seu fosse morrer, o dano do golpe que matou seu aliado será transferido para o clérigo de Inerill, porém recebido numa potência 2 vezes maior e sem contar RD nenhuma. Portanto, se Vadin tomou uma espadada que após a RD dele e multiplicação por ser CUT causou 43 de dano, e com isso a morte do infeliz troll. Gebdin poderia usar Last sacrifice pra fazer Vadin ignorar esse dano e não morrer, porém levar 86 de dano no processo.




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Ferlix em estado Feral, é matar ou ser morto.
 Nova desvantagem:

Feral: - 8 pontos. Alguns ferlix quando ameaçados entram em um estado primitivo de combate, e lutam sem se preocupar muito com sua integridade, até sua morte ou de todos seus oponentes.

Mecânica: 
                   -Sempre que um combate iniciar, o Ferlix entrará sem teste nesse estado. No estado feral, o Ferlix não pode usar magias e nem ranged attacks e deve fazer o melhor para chegar o mais rápido possível em seus oponentes. Ele escolherá um alvo, o mais próximo e lutará com ele até que um dos dois morra, depois partirá pro segundo alvo mais próximo e assim por diante. Quando todos os oponentes estiverem derrotados, o Ferlix deve rolar contra autocontrole, 12 ou menos, se passar, poderá voltar a controlar sua ações, se falhar atacará qualquer um que não seja seu inimigo e até mesmo seus aliados se só tiverem eles, quando derrubar uma pessoa pode fazer o teste novamente e assim por diante.
                    -Nesse estado o Ferlix fica imune a stuns e major wounds e não precisa fazer testes de HT para agir, além disso ele não pode utilizar opções de defesa como retreat, all out defense ou acrobatic dodge e as únicas opções de ataque que pode utilizar são ataques normais, all out attacks, deceptive strikes, extra effort attacks e rapid strikes.

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Novas magias arcana:

Mass Haste
Tipo: Area spell
Duração: 1 minuto
Time to cast: 1
Cost: 3 por ponto adicionado ao dodge e move dos alvos. Metade para manter
Pré-requisito: Haste

O arcano é capaz de manter vários mooks que façam um abraço grupal com algum nível a mais de velocidade.

- Mental block
Tipo: Blocking spell
Duração: Instantanea
Time to cast: Instântaneo
Cost: 2 e o alvo ganha +4 em seu teste de will
Pré-requisito: Strenghen will